Experiência brasileira na Suécia

jan 19, 2024 | por Sandra Merlo | Formação técnica, Gagueira

A Associação Sueca de Terapeutas da Fala publica regularmente uma revista para seus associados. Dentre os temas abordados, estão relatos de colegas em outros países. O intuito destes relatos é exemplificar como é o trabalho de terapeutas da fala em outras realidades e contextos. Na edição de janeiro de 2023, fui convidada pela editora da revista, Signe Tóner, a compartilhar minha experiência como fonoaudióloga brasileira.

A primeira grande diferença está no fato de que, no Brasil, a terapia da fala está associada à audiologia (sendo, portanto, fonoaudiologia). Na maioria dos países, “terapia da fala” e “audiologia” são profissões separadas. Outra grande diferença é que, aqui, a maioria dos fonoaudiólogos trabalha em serviços privados (enquanto que, na Suécia, estão concentrados no serviço público). A minha atuação como especialista em fluência também teve destaque.

Segue abaixo a publicação na revista da Associação Sueca de Terapeutas da Fala. Logo após, está a tradução da matéria.

Sandra Merlo conta sobre a terapia da fala no Brasil e sobre seu trabalho com pessoas que gaguejam

União da terapia da fala com a audiologia

No Brasil, o quinto maior país do mundo, há um número impressionante de terapeutas da fala em comparação com a Suécia: 48.400 terapeutas da fala ou, para ser mais correto, terapeutas da fala e da audição, porque a profissão inclui tanto a terapia da fala quanto a audiologia. O termo em português brasileiro é fonoaudiologia. Há 12 especialidades formais, como a fluência (a especialidade da Sandra), mas também, por exemplo, linguagem, gerontologia, motricidade orofacial, saúde pública, fonoaudiologia escolar, disfagia e voz.

Grande número de serviços privados

“A maior parte dos fonoaudiólogos brasileiros trabalha em serviços privados, mas também há profissionais no serviço público. Todo ano acontece o congresso brasileiro da área e há diversas organizações sem fins lucrativos relacionadas à fonoaudiologia, como por exemplo, o Instituto Brasileiro de Fluência, do qual faço parte”, diz Sandra.

Especialista em fluência

A Sandra é uma pessoa que gagueja e trabalha na área distúrbios da fluência há mais de 20 anos. “Uso técnicas de promoção de fluência em combinação com outros métodos. Tenho um doutorado em fonética, o que me possibilita incorporar esse conhecimento na minha prática clínica. Por exemplo, uso o software Praat para mostrar imagens da fala e dar feedback para meus pacientes. Também faço orientações em relação ao sono, avaliando os padrões de sono com métodos objetivos, como actigrafia e polissonografia”, relata Sandra. Ela também trabalha em parceria com pediatras, neuropediatras, otorrinolaringologistas, dentistas e psicólogos.